segunda-feira, 23 de maio de 2011



Eu poderia me reinventar te contando como passei meus últimos dias, mas penso que as informações seriam meio incompletas, só sei do gosto de vodca e preguiça que não levantam comigo, misturados com o perfume agressivo de outros rapazes que dormi junto desejando acordar nunca mais. Os papos chatos, os sabores de beijos secos que não se sobrepõem ao seu na minha língua, as músicas altas demais que ouço com a manifesta intenção de estourar um tímpano, e explodir dentro de mim tudo que você ainda representa. Olha pra mim. Ando finalmente me divertindo, sendo feliz pela noite, e transcorrendo os dias como se o futuro bonito fosse o que realmente parece ser - apenas um elogio falso pra gente sentir que sonhar é tão bacana quanto viver. Embora eu ainda acorde quente e molhada de pesadelos que tenho contigo, sempre de olhos abertos e inchados, claro. Dele, eu interpreto que o amor não passa de um cachorro louco, dando voltas, correndo atrás do rabo, babando doente de raiva. Você é meu eterno agosto, rapaz. Louco e amargo.

Gabito Nunes.

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