terça-feira, 28 de dezembro de 2010

'Espero que você pense em mim de vez em quando, só para eu não me sentir tão patética por pensar em você o tempo todo.'
(Tati Bernardi)

domingo, 26 de dezembro de 2010

Ele pode estar olhando as suas fotos . Neste exato momento .Porque não ? Passou-se muito tempo . Detalhes se perderam . E daí ? Pode ser que ele faça todas as coisas que você faz . Escondida . Sem deixar rastro nem pistas . Talvez ele passe a mão na barba mal feita e sinta saudade do quanto você gostava disso. Ou percorra trajetos que eram seus, na tentativa de não deixar que você se disperse das lembranças . As boas . Por escolha ou fatalidade, pouco importa, ele pode pensar em você . Todos os dias . E ainda assim preferir o silêncio . Ele pode reler seus bilhetes, procurar o seu cheiro em outros cheiros . Ele pode ouvir as suas músicas, procurar a sua voz em outras vozes . Quem nos faz falta acerta o coração como um vento súbito que entra pela janela aberta . Não há escape . Talvez ele perceba que você faz falta . E diferença . De alguma forma, numa noite fria . Você não sabe . Ele pode ser o cara com quem passará aquele tão sonhado verão em Paris . Talvez ele volte . Ou não.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Querido Papai Noel,

Esse ano fui uma menina muito boazinha. Passei fio dental, paguei todas as minhas multas e usei camisinha. Por isso, queria te pedir um presente. A última vez que te escrevi uma cartinha eu devia ter uns seis anos. Depois disso, o Thiago, o menino ranhento da minha classe, riu bem alto de mim, me apontando enquanto girava no gira-gira: ela acredita! Ela acredita!
Pois é, eu acreditava, e morri de vergonha. E nunca mais quis saber de você. Por causa do trauma de ser inocente e do dedo apontado do menino cheio de ranho, você virou um velho tarado que fica de pau duro em shopping, querendo mais é sentar as jovens mães em seu colo barato. O mundo foi ficando feio e cínico e com cheiro de saco de Papai Noel que não tem tempo de lavar a única calça abafada.
Mas esse ano fui uma menina boazinha e resolvi resgatar o 0,1% de crença que ainda existe em mim e te fazer esse pedido. Eu acredito, Papai Noel. Eu acredito no amor. Coisa que tá muito mais difícil de acreditar do que num velho fazedor de brinquedo e seus viadinhos sobrevoando nossas cabeças.
Se eu te contasse como foi minha vida amorosa nesses últimos anos, Santa, você diria: pegue seus livros, um vibrador e se mude agora para o Pólo Norte! Congelada e solitária talvez você viva melhor!
Mas cara, quer dizer, Papy, vou te falar que sou taurina e teimosia é meu sobrenome (na verdade é Pinto, mas acho que dá no mesmo). E eu ainda acredito no amor. Eu acredito! Volto agora pra cena macabra da infância. Thiago tem apenas sete anos. Ele gira, gira. Segura com uma mão o brinquedo e com a manga do outro bracinho gordo ele limpa seus ranhos. Escuta aqui, moleque, mas escuta bem: eu acredito que dá pra sonhar. Dá pra sonhar seu desgraçadinho entupido! Ouviu? Assopra tapando o nariz pra destampar esse ouvido!
Noel, cara, eu cansei. Só quero que seja natural, simples, fácil e bom. Não quero falar o que meus amigos me mandam falar porque se eu falar o que eu tenho vontade de falar poucos vão ficar. Eu não quero poucos. Eu não quero muitos. Eu quero um. Um amor. Só um.
Já tive bastante do resto que parece amor, já fiz bastante do resto que parece amor, já provei bastante pro Thiago que ele tava certo em relação a girar e rir e não acreditar e escorrer pelo nariz de medo de ficar aqui dentro. Agora eu quero sentar no seu colo, sem você ficar de pau duro, e quero que exista alguma porra de pureza nessa vida. 
(Tati Bernardi)

sábado, 18 de dezembro de 2010


Hoje, um outro corpo que não era o seu, sentiu o meu calor. O meu calor que não era mais tão quente desde que você se foi. Um outro lábio beijou os meus. Um lábio que não era tão doce, mas fez-me sentir metade de mim. Não que ele fosse a metade, eu era. Metade de mim você levou embora ao partir por esses seus caminhos de menino-homem-enganador, a outra metade que obviamente deveria ter ficado comigo não ficou. Nem ela mesma aguentou de tanta solidão e tristeza. Hoje um outro homem mexeu em meus cabelos, aqueles cachos que enrolava em suas mãos, hoje enrolou nas mãos de um outro cara. Ele sentiu o meu cheiro, sentiu a minha pele e por todo tempo eu queria que fosse você. Um outro alguém descobriu os meus medos, pra ele revelei os meus anseios e seu ombro não estava lá pra me confortar. Um outro jeito, um outro perfume que não era o seu. Me fez sentir-me mulher, infelizmente eu não era mais a sua mulher. Pra ele me entreguei, mas foi você que eu imaginei. Em todos os lugares você está, em todos os homens eu vejo o seu olhar. Agora já é tarde demais, o sol já raiou, a noite ficou pra trás. Eu era mais uma vez eu, só eu, eu e a solidão.
Por Ana Eliza

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010


Ando tão só, Dudu . Ando tão triste que às vezes me jogo na cama, meto a cara fundo no travesseiro e tento chorar . Claro que não consigo . Solto uns arquejos, roncos, soluços, barulhos de bicho, uns grunhidos de porco ferido de faca no coração . Sempre lembro de você nessas horas .

Caio Fernando Abreu

terça-feira, 14 de dezembro de 2010


 (...) dentro de mim guardo sempre teu rosto e sei que por escolha ou fatalidade, não importa, estamos tão enredados que seria impossível recuar para não ir até o fim e o fundo disso que nunca vivi antes e talvez tenha inventado apenas para me distrair nesses dias onde aparentemente nada acontece e tenha inventado quem sabe em ti um brinquedo semelhante ao meu para que não passem tão desertas as manhãs e as tardes buscando motivos para os sustos e as insônias e as inúteis esperas ardentes e loucas invenções noturnas, e lentamente falas, e lentamente calo, e lentamente aceito, e lentamente quebro, e lentamente falho, e lentamente caio cada vez mais fundo e já não consigo voltar à tona porque a mão que me estendes ao invés de me emergir me afunda mais e mais enquanto dizes e contas e repetes essas histórias longas, essas histórias tristes, essas histórias loucas como esta que acabaria aqui, agora, assim, se outra vez não viesses e me cegasses e me afogasses nesse mar aberto que nós sabemos que não acaba nem assim nem agora nem aqui...

domingo, 12 de dezembro de 2010

E me ocupava em perguntar, de dez em dez segundos, e de dez em dez pessoas, quando é que você iria me ligar e dizer que tinha pensado melhor. Quando? Você nunca ligou, nunquinha. E eu esperei, esperei, esperei tanto tempo, nossa, como eu esperei. Acho que eu nunca esperei tanto nada em toda a minha vida.

 

sábado, 11 de dezembro de 2010

Eles se amam (...) todo mundo sabe mas ninguém acredita. Não conseguem ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossivel. Ele continua vivendo sua vidinha idealizada e ela continua idealizando sua vidinha. Alguns dizem que isso jamais daria certo. Outros dizem que foram feitos um para o outro. Eles preferem não dizer nada. Preferem meias palavras e milhares de coisas não ditas. Ela quer atitudes, ele quer ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. 'Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos'. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é dificil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles.
E todos os dias eles se perguntam o que fazer. E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. E que no momento certo se reencontrem e que nada, nada seja por acaso.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010


Já tentei de todas as formas me recuperar dessa doença chamada 'amor por você'. Já tentei criar vergonha na cara para perceber que apesar de eu ser tão sua, você simplismente não é meu. Você é de outras. Você é de todas, menos meu. Esse sacrificio que faço todo dia quando sei com quem você tá andando, quando sei quem é a garota da vez, já se tornou em vão porque quando eu me recupero do seu ultimo amor você já está com outra. Outra mais linda, mais atraente, mais sensual e mais burra. Coitada, mais uma que cai nas suas artimanhas. Tenho pena de mim e das outras e não há um dia que eu não pense: -Poxa, o que você fez comigo? Fez o que pior poderiam ter feito. Roubou meu coração. E eu me disfarço entre as 'coisas do mundo', achando incrivel encher a cara e dançar feito uma puta só pra eu me sentir um pouco mulher demais pra você. Só pra eu por algum tempo pensar que o idiota da historia é você, sem eu saber que vou me destruindo aos poucos. Cansei dos seus sumiços e aparecimentos, só pra lembrar que nunca irei te esquecer. Você sempre faz isso quando te tiro um pouquinho do meu coração, quando consigo apagar um pouquinho a chama do meu amor por você. Volta tão perfeito e vai tão idiota. Você sempre quase me faz te esquecer e foi esse quase que atrapalhou nossa ex vida inteira.
por Ana Eliza

'E de escolhas e de perdas é feita a nossa história. Não há nada que se possa fazer a não ser carregar por um tempo um peso sufocante de impotência: eu escolhi que aquele fosse o último abraço. Agora é outra que se perde em ombros tão largos, tomara que ela não se perca tanto ao ponto de um dia não enxergar o quanto aquele abraço é o lado bom da vida. (...) Aquele abraço era o lado bom da vida, mas para valorizá-lo eu precisava viver. E que irônico: pra viver eu precisava perdê-lo. Mas a realidade é que não gostamos desses tipos de filme fraco com final feliz, gostamos dos europeus "cult" onde na maioria das vezes as pessoas sofrem e perdem, assim como aconteceu com a gente.'

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Por mais que todas as terapias do mundo, todas as auto-ajudas do universo e todos os amigos experientes do planeta me digam que preciso definitivamente não precisar de você, minha alma grita aqui dentro que, por mais feliz que eu seja, a festa é sempre pela metade.


É você quem eu sempre busco com minha gargalhada alta, com a minha perdição humana em festejar porque é preciso festejar, com a minha solidão cansada de se enganar.